O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma das condições neurológicas mais discutidas e, simultaneamente, mais incompreendidas na atualidade. Este transtorno abrange um espectro amplo e variado de características e sintomas que se manifestam de forma única em cada indivíduo. Entender o autismo é fundamental para promover a inclusão e compreensão dos que estão no espectro.
Características do Autismo
- Dificuldades na Comunicação e Interação Social: Estas são frequentemente as características mais reconhecíveis. Algumas pessoas no espectro podem ter dificuldade em usar e interpretar a linguagem verbal e não verbal. Isso pode se manifestar como atrasos na linguagem, repetições ou dificuldade em compreender metáforas e sarcasmo.
- Comportamentos Repetitivos e Necessidade de Rotina: Uma rotina previsível pode oferecer conforto e segurança para muitas pessoas com TEA. Mudanças inesperadas podem ser perturbadoras.
- Interesses Específicos e Intensos: Muitas pessoas com autismo têm áreas de interesse específicas nas quais se aprofundam extensivamente, às vezes ao ponto de exclusão de outros tópicos.
- Dificuldades Sensoriais: Isso pode variar amplamente, desde hipersensibilidade (ser excessivamente afetado por estímulos, como luzes ou sons) até hipossensibilidade (não ser afetado por coisas que afetariam outras pessoas, como dor).
- Desafios Motoros e de Coordenação: Isso pode se manifestar como desajeitamento ou movimentos rígidos.
- Processamento e Resposta a Informações: Pode haver atrasos ou dificuldades em processar informações e responder adequadamente.
Mitos sobre o Autismo
Apesar de avanços na compreensão do autismo, vários mitos persistem:
- Todos os autistas são gênios: O mito do “savant autista” tem origens na mídia. Embora alguns indivíduos no espectro mostrem habilidades excepcionais em áreas específicas, muitos não o fazem.
- Pessoas com autismo não têm emoções: Este é um equívoco prejudicial. Muitos sentem emoções profundamente, mas podem expressá-las de maneira diferente.
- Má parentalidade ou vacinas causam autismo: Ambas as ideias são mitos comprovadamente falsos, mas infelizmente ainda persistem em alguns setores da sociedade.
Hiperfoco no Autismo
O hiperfoco é uma intensa concentração em uma atividade ou tópico, muitas vezes ao ponto de excluir tudo o mais. Pessoas em hiperfoco podem se engajar em uma tarefa por horas, excluir distrações e ter dificuldade em mudar de tarefa. Essa característica pode ser benéfica, permitindo um aprofundamento e aprendizado intensos, mas também pode apresentar desafios, especialmente em ambientes que requerem multitarefa.
“Atypical”: Autismo na Cultura Pop
“Atypical” tornou-se um farol na representação do autismo na cultura pop. Sam, o protagonista, é um adolescente no espectro e, através de suas experiências, a série explora muitas das características e desafios do autismo.
Sam exibe muitas das características do autismo: dificuldades sociais, necessidade de rotina, e um profundo hiperfoco no mundo animal, em especial os pinguins. Essas representações oferecem insights valiosos, mas também vêm com advertências. “Atypical”, embora iluminador, é uma representação e não abrange a vasta diversidade do espectro autista.
O hiperfoco de Sam é central em muitos episódios. Ele se imerge no mundo dos pinguins, usando esse interesse como uma âncora em situações sociais desafiadoras. Por um lado, seu conhecimento é admirável e oferece um ponto de conexão com outras pessoas. Por outro lado, pode ser isolante, pois ele recorre a esse tópico mesmo quando não é relevante para a conversa.
Conclusão
O autismo é uma tapeçaria complexa de características, desafios e habilidades. É vital reconhecer e desafiar os mitos que circundam o TEA e esforçar-se para entender e apoiar aqueles no espectro. Representações como “Atypical” têm o poder de iluminar e educar, mas devem ser vistas como uma janela para o autismo, não um espelho exato. À medida que a sociedade avança, deve-se priorizar a inclusão, aceitação e compreensão informada do autismo.
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Socorro Bernardes (Psicopedagoga)
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Psicólogo | CRP 03/30093 | Formado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF | Escrevo sobre os mais diversos assuntos relacionados a saúde mental, a partir de duas abordagens: Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) e Logoterapia.