A maioria dos pais subestima o quanto seus filhos observam o que eles fazem e dizem. Muito comumente esquecemos do quanto eles estão nos ouvindo, mesmo quando preferíamos que não estivessem. Mas as crianças possuem um talento extraordinário para parecerem absortas em seus próprios pensamentos quando, na realidade, estão ligadas a tudo o que se passa ao redor. Você pode achar que seu filho está absorvido de tal forma em seu livro que não ouve vocês discutirem a precária situação financeira da família. Não tenha dúvida: ele está prestando atenção ao que vocês dizem e ao tom de voz, mesmo que não consiga entender o significado de tudo. Se houver um sinal de ansiedade ou de tensão na conversa, ele o captará.
Esse aprendizado por observação continua durante toda a infância e a adolescência. Ao ficarem mais velhos, os filhos tendem a imitar seus pais de maneira menos explícita e o fazem de formas mais sutis. Mesmo que ele pareça não estar pensando em você, seu pré-adolescente ou adolescente sabe perfeitamente como você gasta o seu tempo livre, como se diverte e como lida com o estresse. Os adolescentes adoram verificar a diferença entre o que os pais dizem e o que, na verdade, fazem. Se os filhos veem o pai beber demais para enfrentar problemas, os sermões sobre os perigos da bebida causarão pouco ou nenhum impacto no comportamento deles.
Isso não quer dizer que os filhos sempre se tornam cópias fiéis de seus pais. Embora para eles os pais sejam os mais importantes modelos de comportamento, não são os únicos. As crianças aprendem com outros membros da família, com seus coleguinhas e com o que veem na televisão. Mas pode ter certeza: elas prestam muito mais atenção nos pais do que em qualquer outra pessoa, sobretudo antes da adolescência.
Você pode achar que não tem problema resolver as questões aos gritos, salpicar palavrões em sua fala, fazer comentários preconceituosos, gabar-se de fraudar seus impostos e, de vez em quando, beber além da conta. Mas, por favor, não faça essas coisas na frente de seus filhos.
Você pode viver seus medos e ansiedades irracionais, mas não existe motivo para transmiti-los a seus filhos.
Repito: as crianças aprendem muito mais observando os pais do que ouvindo seus sermões. Por isso, tenha muito cuidado com o que diz e o que faz quando seus filhos estiverem por perto porque, queira ou não, é observando os pais que eles aprendem.
Fonte: Livro 10 princípios básicos para educar seus filhos – LAURENCE STEINBERG
Psicopedagoga, Psicanalista Clínica, Palestrante, Bacharel em Administração de Empresas, especialista-BA na área de Atendimento Educacional Especializado, Escritora/poetisa com livro publicado pela Editora Baraúna e CBJE.