A “dupla-excepcionalidade” pode ser definida como a presença de alta performance, talento, habilidade ou potencial, ocorrendo em conjunto com uma desordem psiquiátrica, educacional, sensorial e física. Envolve, também, a ideia de que pessoas que demonstram capacidades superiores em uma ou mais áreas poderiam apresentar ao mesmo tempo deficiências ou condições incompatíveis com essas características. Como exemplo, na área cognitiva, podem-se citar casos em que crianças possuem Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) juntamente com transtornos do neurodesenvolvimento, como a Síndrome de Asperger (SA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtornos de Aprendizagem (TA), dentre outros.

TDAH
A literatura aponta que o reconhecimento dessa dupla condição é, sobretudo, resultado de observações clínicas, muito mais do que de estudos teóricos e empíricos, haja vista também que até o momento nenhuma teoria específica tenha sido elaborada para explicá-la. Esse tema vem se constituindo cada vez mais em uma área de grande interesse científico, mesmo com a escassez de estudos no Brasil, e tem sido tomado como detentor de grande potencial para a compreensão mais global da população com necessidade educacional especializada.

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Faz-se notar que uma grande parcela de profissionais das mais diversas áreas, desde a educação até a saúde, corriqueiramente não possui preparo teórico e/ou clínico para o reconhecimento de que sujeitos com algum tipo de déficit possam possuir melhores habilidades do que aqueles com desenvolvimento considerado normal. Os educandos continuam sendo “categorizados” e atendidos, em sua grande maioria, apenas por suas dificuldades. Os modelos prevalentes de avaliação cognitiva, principalmente em âmbito nacional, frequentemente também apresentam foco em características deficitárias (como, por exemplo, em expectativas estereotipadas de baixo desempenho, em atrasos desenvolvimentais, nos déficits em oportunidades e experiências, nas visões restritas de superdotação e nas preocupações específicas com a deficiência), mesmo quando realizados interdisciplinarmente. Pouca atenção tem sido dada ao quadro oposto, marcado pela alta habilidade em alguma área ou mesmo para uma possível dupla-excepcionalidade.

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

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O TDAH caracteriza-se por um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais frequente e grave do que aquele tipicamente observado em indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento. Pode-se apresentar em três grupos: predominantemente desatento predominantemente hiperativo/impulsivo e combinado.
Esses sintomas interferem diretamente em atividades da vida diária, sendo um dos transtornos mais comuns da infância.
Em relação aos estudos teóricos e de revisão bibliográfica que envolveram a dupla-excepcionalidade entre o TDAH e as AH/SD (TDAH/AH/ SD), pode-se citar primeiramente o realizado por Kaufmann, que verificou que, apesar de condições diferentes, apresentam inúmeras habilidades semelhantes, tais como uma fala rápida, impulsividade, alta sensibilidade à estimulação ambiental, intensa curiosidade, tendência a misturar realidade e ficção, comportamentos exacerbados, constantes queixas comportamentais por parte de seus cuidadores, e dificuldades de ajustamento a novos ambientes. Hosda também afirma que os sujeitos com AH/SD ou TDAH apresentam comportamentos aparentemente semelhantes, fato que causa equívocos na caracterização e na identificação de ambos os quadros. Muitos comportamentos típicos do TDAH (tais como agitação constante, problemas em permanecer sentado, distração, respostas impulsivas, dificuldade em terminar tarefas, desorganização e exposição a riscos) também podem ser apresentados por alunos com altas habilidades, devido principalmente a fatores como frustração, atividades pouco desafiadoras, currículo escolar insuficiente e procedimentos inadequados de ensino-aprendizagem. Como exemplo, a agitação, principal característica do TDAH, costuma se manifestar nas AH/SD(Altas Habilidades /Superdotação) quando o conteúdo que está sendo desenvolvido em sala de aula já é de conhecimento, ou quando o indivíduo conclui suas tarefas em sala de aula e está em período ocioso. A diferença situar-se-ia no fato de que nas crianças com TDAH a agitação está presente na maioria dos ambientes que frequenta e naquelas com AH/SD somente em contextos que fujam da área do seu interesse, sendo comum serem observados questionamentos relacionados a uma curiosidade ou conhecimento fora do que está sendo debatido. Tem-se, então, que a impulsividade e hiperatividade possam ser características de ambos os quadros, mas se diferenciam principalmente em relação à frequência e intensidade, assim como as ocasiões em que acontecem.
Ainda que semelhanças possam ser encontradas entre ambos os quadros, Hosda & Romanowski e Antshel et al. defendem a existência de características específicas para quando estiverem associados. O sujeito que apresentar TDAH/ AH/SD poderá ter um desempenho acadêmico inconstante, o que corriqueiramente não acontece com aqueles que possuem somente AH/SD, além de prejuízos em habilidades motoras finas e, consequentemente, na escrita, como em indivíduos somente com TDAH. Poderá ser observada também área de interesse relacionada a conhecimentos não acadêmicos. Esses sujeitos apresentarão maior facilidade na aquisição de um conhecimento, mais rapidamente que um sujeito com apenas o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Interessantemente, em estudo exploratório realizado por Silva, foi encontrada a prevalência de 37,8% de sintomas de TDAH em crianças com alta inteligência. Os sujeitos que possuem ambas as condições podem ser reconhecidos somente por um padrão de comportamento durante o processo de avaliação, o que será prejudicial para um bom prognóstico. Budding & Chidekel apontam que um dos grandes diferenciais de uma criança que possui apenas TDAH ou apenas AH/SD para uma criança que possua o TDAH/AH/SD é o desempenho criativo e o pensamento divergente, que tendem a estar mais desenvolvidos nesse último quadro e deverão ser detalhadamente observados no processo avaliativo.

Atividades

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O que diz o calendário :

Materiais: (pronto no pendrive), fita adesiva, tesoura com ponta arredondada.
Promova uma roda de conversa e permita que as crianças falem sobre seus conhecimentos a respeito dos dias, dos meses e do ano. Mostre o calendário com as datas comemorativas, deixe que observem e faça seus questionamentos.
Leve-os a perceber quantos meses tem um ano, qual o primeiro e o último mês e a data de aniversário de cada aluno, preparando com a ajuda da turma, uma lista com os aniversariantes do mês.

Habilidades: saber a importância do calendário, conhecer os meses do ano e a data do seu aniversário e dos seus colegas.

Livro das rimas:

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Comece a atividade ensinando aos alunos o que são rimas e proponha-lhes uma brincadeira para eles completarem com palavras que combinam entre si. Então reúna as crianças em círculo e inicie com uma frase, por exemplo: “Era uma vez um menino chamado João, e no seu armário ele guardava um pão, um peão, um mamão… o que mais ele guardava em seu armário?” A partir dessa frase, pode-se estimular os alunos a citar outras palavras que terminem em “ão” para rimar. Dê continuidade a brincadeira com outras rimas. “Como ele tinha uma amiga chamada Raquel, que conhecia a Rapunzel, o Rafael…”, estimulando-os a falar outros nomes que terminem com “el”. E, assim, a história pode continuar com outras rimas.
Todo o direcionamento da atividade com as rimas sugeridas pelas crianças deve ser anotado na lousa ou em papel, em letra bastão, para que elas possam reescrevê-las em seus cadernos. Não trabalhe com muitas palavras para rimar por vez, para que não fique cansativo.
Ampliando a atividade: Escolha uma das rimas e oriente as crianças a confeccionar um livro. Para começar, digite a frase inicial e solicite-lhes que façam um desenho para ilustrá-la. Na página seguinte, digite a segunda rima e, também, peça-lhes que façam um desenho. Prossiga o trabalho dessa forma até terminar as rimas. Numere as páginas e combinem, coletivamente, um nome para o livro, que deverá ser escrito na capa junto com o desenho do personagem principal. Guarde as produções para fazer parte de uma exposição.

Habilidades: ampliar as expressões oral e escrita, desenvolver a percepção, a atenção, socialização e a autoestima.

Escrita de nomes próprios: Pedir aos alunos que escrevam no caderno nomes próprios que comecem com as letras do alfabeto.
Exemplos
A – Arthur, Amanda, Aline
B – Bento, Benedito, Beatriz
C – Claudia, Carla, Carmen

Habilidades: Concentração, observação da relação fonema/grafema (som/letra);Observação de letras maiúsculas/minúsculas

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Crianças com TDAH podem ter altas habilidades. Conheça a “dupla-excepcionalidade” destas crianças.
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