Interpretação de um preceito de Maslow
Mais do que existir, os seres estão no mundo para vivenciar e para desfrutar, para demonstrar seus gostos, suas crenças e valores. Aparentemente, a humanidade, ou pelo menos boa parte dela, esqueceu-se disso. As perspectivas atuais de vivência tendem para a impessoalidade, o embaraço, a falta de empatia, resquícios de uma humanidade viciada no pensamento puramente lógico. A tecnologia e seu fantástico desenvolvimento contribuem para isso, ainda que seja, em certos aspectos, uma evolução necessária. Talvez apenas não haja uma reflexão maior da vertente nociva das consequências de instituir no mundo uma visão cada vez menos interativa, no que se refere à convivência física. Apesar de algo sólido e difícil, tal concepção não é imutável, e aqui vem à proposta de tentar ver o mundo de uma forma diferente, sob as perspectivas de uma possível transformação no modo como as pessoas lidam com os outros seres e consigo mesmas. Um mundo mais saudável, sereno.
Husserl mostra, com sua atitude fenomenológica, uma visão de mundo menos elementar e causal, que põe em perspectiva o caráter de evidência das coisas, dando uma nova significação à noção do que é ser e existir no mundo. Tal concepção é muito pertinente para uma mudança deste, uma vez que a fenomenologia se diferencia das ciências chamadas positivistas em que o mundo se fundou, pois…
“Enquanto as ciências positivistas consideram os objetos como independentes do observador, a fenomenologia tematiza o sujeito, o eu transcendental que “coloca” os objetos” (URBANO ZILLES, 2007, p.218).
E assim, conceitos como percepção e vivência são enfatizados, a reflexão acerca da consciência é tomada, e a partir de uma subjetividade transcendental as relações de vivência são tratadas de uma forma que vai muito além da concepção psicologista e meramente lógica, centrando-se na experiência, e em como conhecimento e experiência estão relacionados, sendo que, sob tal ponto de vista, estes se constituem e progridem mutuamente.
Evoluí os meus estudos a partir dessa concepção, e acabei chegando então a ver as mais diversas teorias da corrente humanista, buscando refletir sobre como deveria ser a postura do ser sobre seus entes. Um trabalho da faculdade acabou me ajudando nesse processo, e com ele, pude tirar conclusões acerca de tudo o que pude refletir sobre as relações humanas através dos tempos.
Sempre achei que os seres perderam a capacidade de enxergar uns aos outros, ver os detalhes; deixaram de ter a postura de se colocar no lugar do outro, em uma sociedade corrida, competitiva, e cada vez mais desumana, onde se estabelece uma fraqueza social. Dentre minhas pesquisas, foquei na concepção de Viktor Frankl, que dizia que…
“[…] o sujeito é capaz de permanecer otimista diante das diversidades da existência, transformando criativamente situações de sofrimento em algo positivo e construtivo. […] o mais importante é saber como sofrer e como enfrentar quando a situação é inevitável, e que a esperança é o que ajuda o homem a continuar vivo, apesar do sofrimento” (JOSÉLIA SILVA DE SOUZA – HENRIETTE TOGNETTI PENHA MORATO, 2009, p.168).
A partir disso comecei a perceber que a postura descartiana, o tão famoso “cogito ergo sum” em que a sociedade se estabeleceu não é algo assim tão insuperável, talvez seja até algo relativamente simples de transformar, tendo em vista a importância de tal teoria, é claro. Penso logo existo, poderia ser penso porque existo.
Certo Sábado estava em casa assistindo ao seriado The Big Bang Theory, e durante um episódio da oitava temporada vi algo interessante. Um dos temas do episódio girava em torno de um artigo científico (The Experimental Generation of Interpersonal Closeness: A procedure and Some Preliminary Findings – Publicado no site Sage Journals) que dizia que, após cerca de 36 perguntas prévias e 4 minutos de contato visual ininterrupto, duas pessoas, mesmo estranhas, poderiam se apaixonar. Era o que precisava para embasar o meu trabalho da faculdade, e ainda responder minhas indagações sobre a existência na contemporaneidade.
Após a apresentação do trabalho baseado em um canal do youtube que testou tal teoria (Canal SoulPancake, Video Abaixo), senti que faltava alguma coisa, talvez um algo a mais, não pelo trabalho que já havia sido apresentado, mas para ratificar que tal artigo teria validade, que a empatia, o amor, a alegria podiam se estabelecer dessa forma, e assim sendo, tal teoria poderia contribuir para uma vida melhor. Então eu precisava testar a teoria.
[https://www.youtube.com/watch?v=Xm-T3HCa618]
Comecei a levantar hipóteses, debater questões, analisar objetivamente quem poderia participar disso comigo. Inicialmente pensei em abordar alguém, falar sobre o que pretendia, e ver no que ia dá, mas percebi que se uma pessoa está consciente de um teste como esse tal pessoa tende a se inibir, e deixar de ter reações naturais durante o processo, de modo que isso estava fora de questão. Simplesmente, tudo o que eu podia fazer era olhar nos olhos de alguém, e esperar que essa pessoa olhasse de volta, e isso tinha que durar vários minutos. Pensei ser impossível. Quem iria, sem lógica, sem explicação, sem questionamentos, olhar por tanto tempo para alguém, nos olhos e sem desviar a atenção? O ser humano, por timidez, por vergonha, o tal embaraço já citado, desvia o olhar constantemente do outro, mesmo quando se trata de uma amizade com laços fortes. Bom, o impossível fez-se possível.
Havia alguém, na minha faculdade, que faria isso. Baseei-me em tudo que pude observar dela durante algumas semanas, e depois com mais afinco quando decidi fazer a experiência. Ela [x] é o tipo de mulher que, se você olha nos olhos, ela vai olhar de volta, pelo menos se você a conhece e vice-versa. Tive certeza disso ao perceber algumas características de sua personalidade que são parecidas com as minhas, e me parece que tais percepções têm alguma validade, tendo em vista que acabou dando certo. Não deu pra mensurar o quanto de angústia ela tem, não consegui isso, mas sei que essa angustia existe e que é relativamente grande; é algo que preenche boa parte da constituição da sua maturidade, que por sinal é um traço bem marcante dela.
Observei também seus traços físicos opcionais, como por exemplo, o fato dela pintar o cabelo com uma cor não convencional, algo que não trata de forma alguma de ser uma evidência de personalidade forte e imponente, parecia mais algo puramente de escolha e relativamente relacionado ao gosto, talvez algo que redirecionasse o foco de alguma outra coisa, não deu pra saber efetivamente nessa concepção esporádica. Além disso, apesar de poucas demonstrações, deu pra perceber seu senso moral elevado e a sua capacidade, ainda que velada, de liderança; um ser intangível, confiante, não tão corajoso, mas certamente decidido, uma pessoa muito mais gentil do que aparenta, e não tão difícil de lidar se você olhar além da sua ‘fachada’. Era ela.
Eu poderia estar errado, aliás, eu posso estar errado sobre muitas coisas, ou até tudo, mas funcionou, então ainda é válido. Um dia qualquer, na biblioteca da faculdade, olhei nos olhos dela enquanto ela caminhava, e acabamos um de frente pro outro por vários minutos, quase que em uma disputa pessoal. Obviamente ela viu o seminário (trabalho) que apresentei, mas certamente poucos seguiriam olhando fixamente para alguém por tanto tempo sem mais nem menos. Eu realmente me perguntava o que poderia acontecer se, de fato, me apaixonasse por ela, mas compreendi que tal experiência não se trata tanto de paixão, mas sim de empatia. Quando acabou, senti dor no pescoço, e um calor no coração. Nos minutos seguintes, só consegui pensar nela, nos olhos, no rosto inteiro, no que esta estaria pensando, em como poderia estar perto, saber mais sobre aquela que, por cinco minutos, era meu mundo. Não sei o que ela pensou, mas sei que pensou e isso é suficiente.
Depois, a consciência da experiência em si, se estabeleceu; as perspectivas de possibilidades me nortearam à realidade, o meu próprio eu foi se projetando sobre toda aquela enxurrada de sentimentos desencadeados, refutando a ideia distorcida de paixão e concentrando-se na empatia, no carinho, no quanto agora eu me importava com alguém que pra mim até então, era só uma moça de cabelo rosa. Não houveram perguntas prévias, tampouco um grupo de controle, não foi preciso. Com o tempo pude comprovar o que há de pertinente no artigo, e relacionar isso à percepção de Frankl supracitada à respeito da capacidade que o ser humano tem de ser feliz, contra toda e qualquer angústia. E posso dizer que, de alguma forma, o que é preciso para tornar o mundo melhor, as relações do ser com ele próprio e com todos a sua volta, é simplesmente ver além do que os olhos podem ver enxergar as pessoas como se pudesse através delas ver a si mesmo, sendo tolerante, paciente, humano e assim desenvolver para com elas uma empatia intrínseca, quase que inconsciente, solidificando e enfatizando a essência de cada um a partir das vivências de cada qual. Frequentemente, o modo como se fala, por exemplo, é muito mais importante do que o conteúdo da própria fala, mas só coloca-se atenção no próprio conteúdo. Um olhar, uma postura, um detalhe é sempre importante, sempre. Não é possível mudar drasticamente o curso do desenvolvimento das relações nos próximos tempos, mas é preciso ter consciência de que tais questões precisam ser consideradas durante o processo.
Às vezes é preciso dar um passo atrás para poder dar dois à frente, e resgatar um modo mais íntimo de relacionar-se com as pessoas a sua volta pode ser a linha tênue que divide um ser depressivo, triste e potencialmente cheio de traumas, de um ser forte, confiante, objetivo, que sabe lidar com a angústia (angustia essa que sempre se manifestará), e que terá com isso a maior das forças humanas: Esperança, assim como enfatizou brilhantemente Frankl.
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Diego Henrique P. dos Santos (Estudante Psicologia – UNIVASF)
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Psicopedagoga, Psicanalista Clínica, Palestrante, Bacharel em Administração de Empresas, especialista-BA na área de Atendimento Educacional Especializado, Escritora/poetisa com livro publicado pela Editora Baraúna e CBJE.