Os processos intelectuais, como por exemplo, a aprendizagem começa nas funções sensoriais. Um órgão sensorial é estimulado, esta sensação é registrada pelos centros corticais e lhe é atribuída um significado particular, dependendo da nossa experiência prévia da criança e das possibilidades. Portanto, são os processos senso perceptivos que permitem ir configurando a imagem que as crianças têm da realidade.
Quando a criança foca a atenção em um estímulo, o próximo passo é reconhecer essa informação ou, em outras palavras percebê-la. A percepção pode ser definida como o processo que o cérebro realiza para reconhecer a interpretar as sensações, selecionando-as, agrupando-as e colocando-as em sequência. Quando os olhos são estimulados, existe uma percepção visual.
Estas habilidades perceptivas devem ser desenvolvidas em todas as crianças, tenham elas problemas oftalmológicos (baixa visão, etc.), ou não, o que por ventura pode ser percebido pelo orientador. Neste artigo nos reportaremos todas as crianças, em especial às que têm TDAH e/ou Dislexia, assim como outros transtornos, como o Autismo, por exemplo. Tal estimulação corresponde a um conjunto de situações pedagógicas que visam à aquisição de habilidades e melhoria das capacidades perceptivo-visuais.
As crianças que têm TDAH devem fazer atividades de interpretação significativa das sensações visuais que levam respostas apropriadas ou a ações. Portanto as habilidades perceptivas não somente envolvem a discriminação dos estímulos sensoriais, mas também a capacidade para organizar todas as sensações em um todo significativo. Segundo Condemarim “O processo total de perceber é uma conduta psicológica que requer a atenção, organização, discriminação e seleção e é expresso indiretamente, por meio de respostas verbais, motoras e gráficas.
Para crianças com TDAH, no processo da lectoescrita a percepção é complexa, pois a mente deve agir numa sucessão de estímulos nos quase devem ser percebidos padrões espaciais e temporais. A aprendizagem é uma habilidade para adquirir uma nova informação do ambiente. Crianças com dificuldade perceptiva, usualmente tem dificuldade para interpretar e obter o significado dos estímulos do ambiente. É necessário também neste caso, avaliar se não existe perda visual ou auditiva na criança.
Observe os temas relacionados com a percepção que devem ser trabalhados com as crianças que tem TDAH e/ou Dislexia:
Relações figura-fundo:
Existem unidades que são percebidas, estão sobre um fundo que somente é vagamente percebido. Por exemplo, ao ler, as letras são percebidas claramente, enquanto o fundo sobre o qual estas se encontram é olhado vagamente. No caso da percepção auditiva as palavras escutadas são percebidas com clareza, porém, os sons de fundo somente de forma vaga.
Discriminação:
É a habilidade para discriminar diferentes estímulos.
Discriminação visual: a criança deve discriminar entre estímulos semelhantes, porém, com diferente orientação.
Discriminação auditiva: A criança deve discriminar entre estímulos semelhantes ao escutar.
Organização visual ou auditiva:
A mente da criança deve ter habilidade para completar as partes faltantes ou para perceber o todo.
Uma vez que a informação é percebida pela criança que tem TDAH ou Dislexia, pode ser armazenada na memória de trabalho.
Apresentaremos estratégias e atividades que podem ser trabalhadas com todas as crianças em especial as que apresentam TDAH e Dislexia, para que as mesmas possam melhorar a percepção visual, auditivas e a motilidade ocular que é muito importante para desenvolver a capacidade de leitura na criança.
Motilidade ocular: para ler é importante que a criança tenha desenvolvido a capacidade de movimentar os dois olhos de forma coordenada, ou seja, que seja capaz de seguir o objeto que se desloca com os dois olhos coordenadamente, com movimentos binoculares.
Direcionalidade: Ao ler, a pessoa realiza movimentos dos olhos da esquerda para a direita. Quando a palavra lida apresenta dificuldade ou não é entendida, o olho volta a tentar lê-la em busca de informação. O olho reconhece e retém as palavras lidas com totalidade.
Iniciaremos a seguir com exercícios de motilidade ocular e direcionalidade.
– A criança em especial a que tem TDAH, Dislexia e autismo, deve estar de pé, mantendo a cabeça reta para frente. Pede-se a mesma que siga um objeto ( bolinhas coloridas, carros, bonecos ou bichinhos de pelúcia) desde a esquerda até chegar à linha de visão da criança e o nomeie. Continuar movimentando o objeto até que se perca na extremidade direita. Fazer o mesmo de cima para baixo e, finalmente, nas quatro diagonais principais.
– Realizar na lousa círculos espirais e pedir à criança que siga os movimentos do giz com o olhar.
– Coloque um quadro com imagens afixadas ou desenhadas nele, pedir a criança que faça a leitura das imagens da esquerda para direita.
– Leitura de cores (principalmente para saber se a criança tem dificuldade no reconhecimento das cores), é mostrada a criança uma cartolina onde estão quadrados numa linha horizontal. Pede-se que vá nomeando as cores com seu dedo, fazendo isso da esquerda para direita.
– O mesmo exercício, porém deslizando o indicador ao longo das linhas coloridas, enquanto se pronuncia cada cor.
No intuito de auxiliar a pais, professores e as crianças, escrevi o e-book “Atividades exitosas” (91 páginas) em que reuni estas atividades e muitas outras além de estratégias, atividades criativas e de fácil aplicação. De bônus os presenteio com o e-book “Ciranda” (48 páginas) onde podemos ensinar através de poesias e rimas, com sugestões e modelos de atividades. Este material foi escrito com muito carinho e dedicação, tenho certeza que será muito proveitoso, e se for bem aplicado se refletirá na real aprendizagem dos alunos, em especial aqueles que têm TDAH, Dislexia ou outros Transtornos de aprendizagem.
Psicopedagoga, Psicanalista Clínica, Palestrante, Bacharel em Administração de Empresas, especialista-BA na área de Atendimento Educacional Especializado, Escritora/poetisa com livro publicado pela Editora Baraúna e CBJE.