Danny estava com 7 anos de idade e 6 meses, era um menino muito inquieto, um sintoma de possível TDAH, extremamente inteligente, porém, ainda não havia desenvolvido nenhuma habilidade de leitura e escrita. Existia um histórico de dislexia em ambos os lados da família e a avaliação revelou que embora sua linguagem falada e seu raciocínio verbal fossem excelentes, a consciência fonológica de Danny era realmente deficiente. A criança está entrando claramente na fase alfabética, entretanto não está usando seu conhecimento de letras e sons para monitorar a ortografia das palavras irregulares comuns que aprendeu como padrão de ortografia individual, demonstrando sua insensibilidade natural aos sons das palavras. Além disso, grande parte da sua ortografia não é fonética.
Nas escritas das palavras BOLA e CASA, percebemos que existe realmente uma deficiência fonética, pois a palavra BOLA Danny escreve normalmente, já a palavra CASA, ele confunde o C com a letra K (cujo som é “KA”, o mesmo de CA) esta consciência fonética ainda precisa ser estabelecida.
Os problemas que surgem ao ensinar uma criança com esta dificuldade que Danny tem, ainda mais com o agravante dos sintomas prováveis de TDAH e Dislexia, ficam imediatamente aparentes. Uma deficiência inerente na consciência fonológica não é facilmente remediada, e sua capacidade para compensar através do uso de estratégias visuais nem sempre tem bom resultado. O grande esforço para se alfabetizar pode parecer absolutamente assustador para uma criança com estas dificuldades, e quanto maior a discrepância entre a capacidade cognitiva geral e as habilidades de alfabetização, maior a frustração.
A escrita em português não é de maneira nenhuma uma tarefa fácil, ainda mais quando a criança apresenta transtornos de aprendizagens como TDAH e/ou dislexia. Nos primeiros estágios da ortografia, a criança precisa entender que é possível analisar os sons de fala de uma palavra falada e escrevê-los usando um conjunto de letras que ela também precisa aprender, ainda é mais trabalhoso quando esta criança tem TDAH, dislexia, autismo ou outros transtornos de aprendizagem.
Mais tarde, a criança deve rever essas primeiras conjecturas na ortografia das palavras e aprender como os sons da fala (fonemas) são convencionalmente escritos no sistema ortográfico por conjuntos de letras (grafemas).
Segundo Bryant e Bradley, a leitura e escrita das crianças com dificuldades de aprendizagem devem ser paralelas, ou seja, eles defendem uma abordagem em que tanto a sensibilidade fonológica quanto o conhecimento alfabético são trabalhados juntos, de forma que a criança é estimulada a categorizar as palavras segundo as séries de sons e também as séries de letras que ela tem em comum. Dessa maneira a criança pode ser estimulada a realizar a conexão fundamental entre a estrutura fonológica de uma palavra e sua forma visual. Por este motivo, o ensino da leitura e da ortografia deve seguir junto, e não ser realizado em separado.
Para ilustrar o que foi descrito, disponibilizaremos atividades de leitura e escrita para crianças que tem dificuldade na sonorização das palavras, tenham elas TDAH, dislexia, ou outros transtornos de aprendizagem.
Atividades
Oral e escrita
Podemos ilustrar as atividades com letras móveis
– Troque as letras das palavras e veja as novas palavras que rimam com elas
F A M A (troque o F por L) vira ___________________
P A N E L A (Troque o P por J) vira _________________
B O L A (troque o B por C) vira _____________________
F O C A ( troque o F por T ) vira _____________________
R EG A ( Troque o R por P ) vira ____________________
– Forme as palavras através das letras misturadas:
A S C A __________________
A L O B __________________
A M C A _________________
O P A T __________________
As atividades devem ser bastante interessantes, divertidas, prazerosas, evitando o tédio e estimulando a criatividade da criança.
No intuito de auxiliar a pais, professores e as crianças, escrevi o e-book “Atividades exitosas” (91 páginas) em que reuni estas atividades e muitas outras além de estratégias, atividades criativas e de fácil aplicação. De bônus os presenteio com o e-book “Ciranda” (48 páginas) onde podemos ensinar através de poesias e rimas, com sugestões e modelos de atividades. Este material foi escrito com muito carinho e dedicação, tenho certeza que será muito proveitoso, e se for bem aplicado se refletirá na real aprendizagem dos alunos, em especial aqueles que têm TDAH, Dislexia ou outros Transtornos de aprendizagem.
Psicopedagoga, Psicanalista Clínica, Palestrante, Bacharel em Administração de Empresas, especialista-BA na área de Atendimento Educacional Especializado, Escritora/poetisa com livro publicado pela Editora Baraúna e CBJE.