Dr. Dominique Dupagne é um clínico geral francês e que apresenta TDAH Transtorno de Atenção com / sem hiperatividade), ele é o autor do ensaio “O retorno de zappers” (CreateSpace, 2013), no qual ele descreveu esta desordem, e também os pontos fortes do tipo desatento / hiperativo. Nos últimos 18 anos, ele também gerenciou fóruns de pacientes e médicos em seu site, Atoute.org.
Veja a entrevista:
Por que você escreveu sobre o TDAH?
Eu era uma criança turbulenta e criativa, com escolaridade extremamente caótica e nenhum diagnóstico realizado. Quando parei de fumar aos 44 anos, descobri que era TDAH. A nicotina serviu como um “remédio” psicoestimulante, e uma vez que eu parei de consumir dois maços por dia, de repente tive uma grande dificuldade em me concentrar … Um dia, conversando com um amigo psiquiatra, ele próprio era TDAH, eu descobri meu problema.
Mais tarde, depois de ler um monte de “bobagens” sobre o TDAH, eu quis dar minha visão pessoal. Eu acho surpreendente ver na França como coisas incríveis podem ser escritas, vindas de psicanalistas que continuam a ter teorias próximas daquelas que machucaram crianças com autismo por anos, vendo pais ausentes, ou mães confusas, sobre o que é o transtorno. Eu gerencio um fórum de pacientes que sofrem com isso, e eu mesmo estou preocupado -, então eu queria dar um ponto de vista positivo sobre esta desordem, em vez de apresentá-lo como uma doença.
Para você, na verdade o TDAH é um personagem …
TDAH não é uma doença, mas um personagem. O temperamento do TDAH vem das profundezas dos tempos pré-históricos: seu comportamento impulsivo e intuitivo é o de um caçador ou um guerreiro. É uma forma de ser diferente, que em uma população primitiva, ou em uma campanha rural, não representa um problema (os hiperativos são adaptados a uma vida que é realizada em emergência), mas que quando se encontra a escola e a obrigação de sentar, calmo e atencioso durante horas, cria uma mistura explosiva.
Como esse é um personagem, eu prefiro chamar de “zappers” de TDAH e descrever o que é positivo nesse transtorno, e não o que o torna uma deficiência. O que é considerado hoje como uma série de defeitos já foi uma vantagem (criatividade, intuição, reflexos, impulsividade) na natureza. Foi quando o homem começou a se estabelecer e organizar reuniões para suas caçadas, que o TDAH acabou perdendo seu status de benefício. As vantagens dos zappers, não se adaptam à rotina que caracteriza nossa sociedade moderna e à longa reflexão antes da ação.
Você fala de uma escola “caótica”, consegue relacionar isso?
Eu segui um curso clássico de TDAH. Eu era brilhante no jardim de infância, sabia ler muito rapidamente e tudo correu muito bem até a escola primária. Lá, comecei a desanimar quando me pediram para aprender a lista de departamentos … Por causa de minha memória seletiva (eu apenas retive aquilo que me interessava), eu me destacava em certos assuntos, e eu fui o último em outros, com resultados muito irregulares.
Na aula, eu era bastante inquieto, me mudei o tempo todo. E eu sempre tinha as mesmas avaliações educacionais “poderia fazer melhor” “desatento”, “sonhador”, “agitado” … Aos 12 anos, um psicólogo fez um teste psicológico, no qual ele observa que eu tinha “excelentes habilidades de raciocínio, mas dificuldades de concentração”. Ele me pergunta se eu estou “geralmente cansado”, mas ele não entende – porque na época, em 1970, ele não tem diagnóstico do transtorno. Na escola, eu era visto pelos meus professores como “inteligente preguiçoso”, ou como um estudante “talentoso, mas desorganizado e incapaz de se organizar”.
Minha escolaridade foi caótica, especialmente quando cheguei à faculdade. Eu tive muita dificuldade em fazer meu dever de casa. Minha desatenção e minha hiperatividade finalmente resultaram em muitas horas de cola, e repetições de ano escolar. Felizmente, eu possuía habilidades em Ciências e foi isso que me fez ter sucesso na competição médica, depois me tornei um médico liberal – um trabalho perfeito para hiperativo porque sou autônomo, sem patrão nem rotina.
A escola de hoje é adequada para crianças com TDAH?
Uma criança com TDAH (zapper, personagem do livro), não pode se concentrar em algo que não é cativante. Em qualquer caso, o indivíduo não é obrigado a ficar longas horas sentado em uma cadeira; Alguns conseguem porque a plasticidade do cérebro se adapta a isso, mas outros não são capazes porque sua plasticidade não vai deixá-los – estes são as famosos TDAH. Na escola, em sala de aula, se o curso não é interessante e não estimula sua atenção o suficiente, o cérebro percebe: eles não se concentram ou sonham acordados.
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Estratégias e exercícios para alunos com Déficit de Atenção
A escola não é adequada para crianças com TDAH. Ela foi projetada mais para professores do que para estudantes e é composto por professores que raramente têm um perfil de TDAH. A escola é feita para o maior número de crianças consideradas “normais”. Mas o problema é que tentamos forçar o a criança com TDAH a se adaptar a ela. A maioria faz isso muito bem, mas uma pequena porcentagem não pode, e muitas vezes cai na espiral do fracasso e do sofrimento.
Eu não estou dizendo que precisamos mudar a escola que é muito bem adaptada para a maioria das crianças – que custaria muito de qualquer maneira – mas seria estabelecer escolas especiais para os estudantes que nunca serão capazes de se integrar à educação normal. Para estas crianças não há oferta. Muitas vezes, elas não são incluídas na escola e o risco é que eles sejam totalmente prejudicadas.
Nessas escolas especiais, a educação seria totalmente diferente e adaptada às habilidades das crianças com TDAH. Os cursos seriam muito breves (não mais do que 20 minutos), muito animados, com fortes recursos visuais (vídeos, fotos …) e debates. Atividades físicas teriam um lugar mais importante. Classes teriam números reduzidos. Os exercícios seriam adaptados e não haveria lição de casa, ou muito pouco. Idealmente, metade dos professores teria o TDAH.
Uma inclusão de crianças com TDAH em escolas regulares não seria possível para você?
Se quisermos educar crianças com TDAH, raramente isso ocorrerá em escolas regulares. As crianças “normais” precisam de rotina (uma dor para o hiperativo) é um quadro importante. Em um ambiente escolar tradicional, manter a atenção do TDAH é muito difícil – a menos que você seja um professor cativante ou ensine uma disciplina que o interesse. De fato, o jogo deve ser mudado completamente e um ensino radicalmente diferente deverá ser adotado.
Hoje, sentimos que os professores estão devidamente treinados e sabem como identificar crianças com TDAH. Mas eles fazem o que podem … Para eles, administrar essa desordem na sala de aula é um inferno. Longe de mim jogar a culpa nos professores. É a estrutura, a Educação Nacional, que precisa mudar.
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Psicopedagoga, Psicanalista Clínica, Palestrante, Bacharel em Administração de Empresas, especialista-BA na área de Atendimento Educacional Especializado, Escritora/poetisa com livro publicado pela Editora Baraúna e CBJE.