Xadrez é uma catarse da vida: Significa uma expressão do próprio ser

Antes de mais nada, os benefícios do xadrez vão além de qualquer propriedade perceptível que a ciência consiga mensurar dentro de seus parâmetros. Tendo vista alguns estudos específicos, sobretudo os seguintes (Bilalic, McLeod, & Gobet, 2007; Doll & Mayr, 1987; Frydman & Lynn, 1992), torna-se prudente interpretar que, provavelmente, não seja possível generalizar diretamente e de forma ampla, padrões comportamentais e habilidades cognitivas como, por exemplo, a capacidade de resolução de problemas, diretamente do xadrez e praticadas no tabuleiro, para áreas diversas como por exemplo o âmbito escolar e matemático, uma vez que é difícil enxergar como que a compreensão e a eficiência do par de bispos, ou mesmo a maneira adequada de fazer um ataque da minoria – termos do jogo – seria transferível para habilidades práticas de cálculo matemático no cotidiano (Sala & Gobet, 2016).

Todavia, o Xadrez caminha “de mãos dadas” com pessoas que tem apreço pelo conhecimento, e essa prática inspira e incentiva formas de pensar práticas e inventivas, atreladas a busca de conhecimento, independentemente de sua capacidade transferencial, o que por si só, já é muito benéfico em muitos níveis.

 

Uma nova visão dos benefícios do Xadrez

Porém, existem outros estudos, como o de Kazemi, Yektayar, & Abad, (2012) e também o de Mayers (2005), que concluem que o xadrez tem sim contribuições correlacionais significativas para algumas áreas específicas relacionadas à cognição, tendo papel decisivo, por exemplo, na performance acadêmica refinada de pessoas desde as fases iniciais do desenvolvimento. Basicamente, o estudo de Meyers implica em dizer que o Xadrez “torna crianças mais espertas”, e isso já seria uma conclusão decisiva para que o xadrez fosse mais divulgado e praticado desde cedo.

Porém, para além do supracitado, esse benefício transcende o rigor técnico exacerbado, e contrubui em muitos outros fatores colaterais potencialmente não tão verificáveis, como por exemplo, ser uma ferramenta que produz socialização saudável baseada em um lazer centrípeto (Frankl, 2021, pág. 123). Esse termo se refere à práticas de divertimento que representem uma manifestação de alegria genuína e independente, em oposição ao lazer centrifugo, que é um testemunho de fuga de si mesmo do indivíduo, para evitar um vazio de sentido ou frustrações existenciais latentes (Frankl, 2021, pág.123). Do mesmo modo, dessa forma, o xadrez pode ser, além de benéfico cognitivamente, um lazer produtivo e engrandecedor.

 

O Xadrez como ferramenta de socialização

Além disso, o xadrez como ferramenta de socialização, pode contribuir para que as pessoas se tornem mais autônomas, superando qualquer mecanismo totalitarista de vida, para que assim, a sociedade progrida a partir de indíviduos que não sejam reféns facilmente de qualquer tipo de propaganda ou massa de manobra através das próximas gerações. Isso é valido não só para crianças em formação, mas também para seres humanos de todas as idades. Nesse sentido, esse artigo busca fornecer argumentos para que, a pessoa que o leia, faça o que estiver dentro do seu alcance, para implementar cada vez mais recursos que incentivem o pensamento refinado às suas vidas, compartilhando-os com as vidas de seus entes. No caso, o exemplo prático é do xadrez, e no parágrafo abaixo, irão algumas conclusões inspiradas no estudo de Meyers (2005), para sustentar as interpretações aqui presentes.

 

Áreas que o Xadrez pode contribuir na regulação cognitiva (Parte 1) :

*releitura do autor deste artigo sobre o escrito de Meyers.

Foco: As crianças são ensinadas no jogo a aprender sobre as vantagens de observar e manter-se focadas. Ao mesmo tempo, elas não podem responder sobre o que está acontecendo a menos que elas visualizem isso mentalmente.

Visualização: As crianças também são encorajadas no xadrez a imaginar séries de ações antes de sua ocorrência através do treino, sendo requisitada a visualizar e a mover peças na mente, peça por peça, até vários movimentos à frente.

Pensar à frente: Crianças são ensinadas, antes de tudo, a pensar e depois fazer um movimento de peça. Nós as educamos para que elas sempre se perguntem “Se eu fizer isso, o que pode acontecer a seguir, e como eu posso responder ao que acontecer?” O xadrez ajuda a desenvolver plenitude e/ou atenção plena.

Opções de pesagem: Crianças podem aprender neste contexto que elas não têm que expressar a primeira coisa que ocorre em suas mentes, e então elas podem aprender a encontrar outras escolhas, e levar isso em consideração para obter vantagens e agir adequadamente em diferentes ocasiões.

 

Áreas que o Xadrez pode contribuir na regulação cognitiva (Parte 2) :

Análise concreta: Crianças, ao jogarem, aprendem a acessar os resultados de ações e arranjos particulares. Ela pensa: “Essa sequência me ajuda ou me prejudica?” É sempre melhor tomar uma decisão baseada na lógica do que no impulso.

Pensamento abstrativo: Crianças são ensinadas no jogo a voltar atrás em relação aos detalhes se necessário, e prestar atenção à todas as imagens disponíveis. Elas aprendem a aplicar padrões para várias situações relacionadas, especialmente quando elas as observam em um específico contexto.

Planejamento: Crianças são ensinadas a definir objetivos de longo prazo e fazer seu melhor para alcança-los a partir das habilidades desenvolvidas aqui. Elas sentem a necessidade de reavaliar seus planos particulares quando novos acontecimentos mudam a situação.

Essas práticas melhoram o repertório do indivíduo no que se refere a capacidade de tomada de decisão e solução de problemas, e mesmo que isso contribua apenas indiretamente em outras áreas decisivas lógico/matemáticas, ainda assim tem um grande impacto, ao menos, na construção do ser humano enquanto sujeito autônomo a partir de suas próprias ideias. É por isso que se diz que o xadrez é como se fosse a “ginastica da mente”. Basicamente, xadrez é ciência e arte, em toda a sua plenitude.

 

Conclusão – Xadrez

Portanto, em um país, onde cerca de 95% dos adolescentes saem do ensino médio sem ter o conhecimento básico necessário em matemática (segundo o site exame.com, em matéria de fevereiro de 2021), o xadrez como componente opcional na grade curricular seria um recurso poderoso pra auxiliar os estudantes a enfrentarem vestibulares e o mercado de trabalho em áreas que demandem conhecimentos matemáticos em nível de excelência. Analogamente, isso potencialmente seria bom não apenas pelos benefícios sustentados por estudos robustos já citados, mas também pelo baixo custo necessário para aplicá-lo. As peças mais básicas de xadrez têm custo baixo e podemos até improvisar o jogo com materiais recicláveis, como tampas de garrafas, ou qualquer material que permita às pessoas moverem peças em um tabuleiro quadriculado de 64 casas. Inclusive, poder-se-ia pintar esse tabuleiro com giz em qualquer mesa .

Em conclusão, aqui está a citação de um trecho, adaptado para a terceira pessoa, de quando perguntaram ao autor deste artigo o que o xadrez significa para ele:

“Em posições perdidas, a função do jogador é muito mais a de resistir em vez de tentar procurar ser inventivo, de modo a pressionar o adversário e tentar aproveitar alguma imprecisão ou erro. Isso remete, por exemplo, a você se adaptar as diversas situações difíceis da vida e tentar aproveitar as suas chances ao máximo. Assim sendo, ganhar ou perder fica em segundo plano se o processo for bom, se o jogo for espetacular, e essa lição é possível de ser generalizada do xadrez pra vida. Desfrutar a vida, para além de qualquer resultado.”

 

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Referências

95% dos alunos saem do ensino médio sem conhecimento adequado em matemática. Exame, São Paulo, 24 de fevereiro de 2021. Estadão Conteúdo. Disponível em: <https://exame.com/brasil/95-dos-alunos-saem-do-ensino-medio-sem-conhecimento-adequado-em-matematica/> Acesso em: 19 de dezembro de 2023.

Bilalic, M., McLeod, P., & Gobet, F. (2007). Does chess need intelligence? A study with young chess players. Intelligence, 35, 457e470.

Doll, J., & Mayr, U. (1987). Intelligenz und Schachleistung: Eine Untersuchung an Schachexexperten [[Intelligence and performance in chess: a study of chess

expert]]. Psychologische Beitrage, 29, 270e289.

Frankl, V. E. (2021). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da logoterapia. Paulus Editora.

Frydman, M., & Lynn, R. (1992). The general intelligence and spatial abilities of gifted young Belgian chess players. British Journal of Psychology, 83, 233e235.

Kazemi, F., Yektayar, M., & Abad, A. M. B. (2012). Investigation the impact of chess play on developing meta-cognitive ability and math problem-solving power of students at different levels of education. Procedia-Social and Behavioral Sciences, 32, 372-379.

Meyers, J. (2005). Why offer chess in schools? Retrieved August 5, 2005, from www.chess.about.com/library/weekly/aa05a08a.htm.

Sala, G., & Gobet, F. (2016). Do the benefits of chess instruction transfer to academic and cognitive skills? A meta-analysis. Educational Research Review, 18, 46-57.

Xadrez: Seu respectivo uso como ferramenta para auxiliar na regulação da cognição