A Agressividade Injustificável

 

Primeiramente, é importante salientar de início a máxima a que este artigo se propõe: A agressividade, e, por conseguinte, a violência de um modo geral, não tem justificativa sob nenhuma hipótese ou contexto. Assim sendo, desde a palmada que muitos pais defendem aplicar em seus filhos, até as violências mais extremas que culminam em dor e perda, toda e qualquer forma de agressividade implicará em consequências desastrosas, de um jeito ou de outro.

Em outras palavras: violência e saúde não coexistem, e esta é a premissa básica e fundamental aqui. Mais além, a violência não se justifica enquanto reação à própria violência, nem se sustenta a partir de uma hipotética truculência, muitas vezes julgada necessária por aqueles que visam servir e proteger. Todavia, muitas vezes acaba sendo o último recurso diante de situações drásticas, e isso não se configura como culpa necessariamente daqueles que supostamente devem defender as pessoas, mas sim da sociedade como um todo, a partir das políticas que as regem.

Um Exemplo Sobre o Malefício da Agressividade/Violência

Apesar disso, esse artigo visa tomar um caminho mais específico, referente a banalização da violência por parte da sociedade em geral. Por exemplo, a palmada vira algo trivial, aceitável, enquanto uma briga generalizada entre torcedores acaba sendo justificada pelo ânimo passional daqueles envolvidos no processo. Tendo tudo isso em vista, o que este artigo propões é reforçar a premissa geral de que tais violências não podem ser diminuídas nem negligenciadas, tampouco banalizadas. Simplesmente, agredir torna o mundo pior em qualquer cenário.

Exemplificando: Um torcedor de futebol que é espancado, e que devolve a surra espancando, é tanto vítima quanto agressor. Não entrando na ceara do direito (a qual não me compete), o foco principal é de que, de uma forma ou de outra, moralmente, todo o contexto da briga está errado, independente de culpa ou de responsabilidade, que obviamente devem ser atribuídas segundo o que consta na lei. Mas o problema é que as pessoas, de modo geral, legitimam de alguma forma tão violência, tirando o peso desta por se tratar de um âmbito esportivo, e mesmo justificando um ato agressivo a partir de quem o provocou.

 

Trazendo o tema da Agressividade para a Psicologia/Logoterapia

Agora, trazendo para o âmbito da psicologia, mais especificadamente para a Logoterapia, teremos uma ideia melhor do porquê tudo isso é errado, bem como qual poderia ser a melhor forma de contribuir para uma sociedade mais coesa e menos violenta a partir das próprias ações individuais de cada um, embora seja difícil imaginar isso de forma promissora.

Frankl, em seu livro ‘Um Sentido para a Vida’, abordou em um dos capítulos, chamado ‘Crítica do puro encontro’, caminhos sobre uma busca geral de paz na sociedade, argumentando que aqueles temas que estavam sendo abordados até a época de escrita desse seu livro, eram temáticas condenadas a fracassar. Dessa forma, Frankl argumentava que tudo estava errado desde a origem do conceito de agressão, tanto o conceito biológico de Konrad Lorenz, quanto o conceito psicológico de Sigmund Freud.

 

A teoria de Viktor Frankl sobre a Agressividade

Para Frankl, diferentemente dos conceitos supracitados, a agressividade se dava por meio de causas vinculadas a um hipotético contexto, e não por algum tipo de instância psíquica introjetada que precisa ser canalizada e externalizada. Para exemplificar melhor, basta dizer que Frankl acreditava que a agressividade poderia sempre ser contornada pela capacidade humana de tomar posição frente a qualquer condicionante. Por isso, a ideia principal era a de que o foco primário na busca da paz deveria ser ter atenção, enquanto sociedade, e investir energia em compreender formas de despertar e incentivar essa capacidade – propriamente humana – de fazer escolhas e de tomar posição para agir de uma forma totalmente diferente do que a agressividade sugere, mesmo imbuído de forte emotividade.

Todavia, a sociedade da época focava em uma postura fatalista de se fixar nas características dos impulsos agressivos em vez na reação a eles, tratando-os como instâncias da natureza humana (ignorando em certa medida o contexto e as causas). Isso resulta, em alguma medida, em justificar a agressividade como algo cotidiano, como algo necessário, seja para se defender ou para buscar algo na vida, transformando isto em um álibi, um pretexto para o ódio que permeia a sociedade. Esse mesmo ódio se alimenta e se retroalimenta desse panorama quando alguém, por exemplo, acredita que agredir para se defender é legítimo, ou quando um pai bate no filho dizendo que “é para o bem dele”. São ideias e condutas que estão na base de uma sociedade impessoal, adoecida, e que forma cidadãos traumatizados, que refletirão isso em suas ações, criando um mecanismo retroativo de maldade.

 

Atitudes Pessoais para Combater a Violência

Mas então, enquanto pessoa, como fazer para pagar tributo a busca legítima da paz, como Frankl fazia, a partir de nossa própria conduta? Simples: entender, por via de regra, que nenhuma violência é aceitável. Nem sequer um beliscão. Nem mesmo um grito. Evidentemente essas coisas podem acontecer, afinal, o mundo é difícil complexo, existem frustrações e muitas vezes é difícil empregar um comportamento amoroso…, mas isso não significa que devemos nos orgulhar disso, porque mesmo que emitamos tais comportamentos, eles precisar estar na categoria que devem estar sempre: inaceitáveis.

E também, é claro que deve se ter a consciência de que existe muita maldade no mundo, e muita violência atrelada a isso. Todavia, o que este artigo faz é tentar despertar a potencialidade de quem o lê, no sentido de agir de acordo com aquilo que está mais próximo do amor e da paz. Tal conceito é incompatível com agressividade, e também, o ódio, principalmente de forma gratuita.

 

Conclusão

Por fim, o antídoto principal que cada um pode adotar para conseguir empregar a postura de não admitir quaisquer tipos de violência é bem clara: amar. E isso se dá porque, é claríssimo observar que a maior parte da população, inclusive a Brasileira, simplesmente não sabe amar, sequer compreende a amplitude do significado do ato mais sagrado das relações humanas. Mas isso é tema para outro artigo.

 

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Referências

FRANKL, Viktor. Um Sentido para a Vida: Psicologia e Humanismo. 18ª edição. São Paulo: Ideias e Letras, 5 de fevereiro de 2014.

HOOKS, bell. Tudo Sobre o Amor: Novas Perspectivas. 1ª edição. São Paulo: Elefante, 1º de janeiro de 2021.

 

Banalização da Violência: A Agressividade Injustificável