The Big Bang Theory e o TEA
Primeiramente, antes de falar do TEA, a serie The Big Bang Theory representou um marco no gênero sitcom – mediante a perspectiva deste autor – por amplificar a noção de que sujeitos intitulados geeks e/ou nerds são, na verdade, mais legais e mais interessantes do que àquilo que a sociedade considera descolado, argumento sustentado na frase que a própria série traz em um de seus episódios “smart is the new sexy (O esperto é o novo sexy)”.
Porém, esta série foi muito além, incrementando muitas vezes de maneira sutil, discussões excessivamente engessadas em estereótipos ultrapassados, dando a elas uma nova roupagem ao mostrar que aquilo que há de mais humano, reside nas diferenças idiossincráticas de cada um. Assim sendo, este artigo traz um pequeno recorte do que fora supracitado, discutindo algo que nunca foi afirmado veementemente na série, mas que ainda assim possibilitou a chance de atribuir um novo olhar através do TEA: As características do personagem Sheldon Cooper, e a possibilidade deste ser Autista.
O Desenvolvimento de Sheldon e a especulação do TEA
Por vezes fora muito especulado que Sheldon fosse autista ao menos do nível 1 (popularmente conhecido com Asperger – termo abolido dos manuais de psiquiatria em 2018¹ (Luisa, 2023); todavia isso nunca foi afirmado na série, o que aparentemente foi uma postura extremamente feliz e adequada desta, que poderia abordar os sintomas sem nenhum tipo de rótulo ou estigmatização (sendo isso intencional ou não).
Do mesmo modo, a medida que o telespectador pôde acompanhar o desenvolvimento do personagem para além de suas características, foi possível interpretar que, independentemente de qualquer que seja sua singularidade e/ou sintomas – e se estes são muito peculiares em relação ao senso comum – qualquer indivíduo pode evoluir, progredir, e tornar-se uma pessoa diga de valor, não se reduzindo a qualquer característica apreendida ou genética, onde nenhum clichê se sustenta. Sim, um indivíduo com TEA vive no mesmo mundo do que qualquer outra pessoa, não há mundo particular distinto a não ser a capacidade de introspecção que acomete qualquer indivíduo sob qualquer forma, cor, credo, gênero, ou o que for.
O Autismo e a evolução do personagem
Então, dentro desta evolução, foi retratado um personagem que mesmo com dificuldade perceptiva de compreender certos conceitos como empatia ou sarcasmo, foi se transformando à medida que fazia amizades, e através destas revolucionava seu mundo. Suas características não se modificaram profundamente, mas, Sheldon foi adquirindo repertório para compreendê-las objetivamente de modo satisfatório, para então reagir de forma adequada sempre que possível em situações semelhantes.
Sua característica rigidez e seus comportamento obsessivos, não foram profundamente alterados; mas as amizades formadas (principalmente com a personagem Penny), e posteriormente a descoberta do amor romântico (com a personagem Amy Farrah Fowler) foram aquisições de repertório que o permitiram parear sentimentos como reciprocidade, carinho e amor, com os comportamentos obsessivos recorrentes, tornando Sheldon uma pessoa refinada em termos comportamentais, com capacidade de amar e de mostrar ternura, mesmo quando cognitivamente e objetivamente ele tenha dificuldade de articular essas noções. Mas não apenas isso. Sua criação no Texas e a capacidade amorosa de sua mãe o permitiram que ele pudesse desenvolver isso no futuro (como pode ser visto na série spin-off Young Sheldon).
Um exemplo da Série – TEA aplicado
Por analogia, é prudente sintetizar os argumentos supracitados com um exemplo da própria série. Em diversas cenas, quando Sheldon identifica que uma pessoa está triste (a série retrata que Sheldon tem dificuldade de reconhecer emoções – então muitas vezes ele até pergunta para a pessoa se ela de fato está triste, para assim confirmar isso), ele se propõe a fazer um chá quente para a pessoa, para confortá-la. Ele não faz isso por ter sido acometido por empatia em ver uma pessoa triste, pois pra ele é até mesmo difícil saber quando uma pessoa está triste. Todavia, ele o faz porque ele aprendeu quando criança – através da sua mãe – que oferecer chá quente a uma pessoa triste é uma forma satisfatória de confortá-la. Esse é um ponto muito importante que clarifica muitas questões, inclusive sobre o próprio Autismo.
Dessa forma, pode-se perceber que, não é que o Sheldon não se importe, ou seja frio, ou mesmo viva num mundo particular… apenas, ele tem dificuldade em reconhecer as emoções presentes. Todavia, quando as percebe, ele consegue fazer escolhas baseadas nessa percepção. Assim sendo, ele opta por confortar a pessoa, como por exemplo a Penny, por se importar com ele, independentemente de qualquer coisa. O que significa que, mesmo que este não sinta empatia de uma forma convencional, ele ainda consegue construir o seu modo autêntico de sentir empatia, mediante sua especificidade de compreensão de mundo. Ainda que ele precise firmar padrões – como este de sempre servir chá quando alguém está triste – ele ainda o faz com base em uma premissa de escolha fundamentada na ideia de que aquilo é reconfortante.
TEA e o modo de existir
Assim sendo, basicamente, o personagem em questão segue sendo influenciado por seu modo de existir e seus sintomas. Porém, ele não se mostra refém deles e, por isso, consegue evoluir, firmar vínculos, e até mesmo encontrar o amor romântico. Assim, o TEA transcende todo o estigma que lhe foi atribuído, e dessa forma, todos as dificuldades de sensibilidade, questões motoras, padrões repetitivos, dificuldades de comunicação e socialização, vão se tornando cada vez mais parte do todo chamado ser humano, numa forma singular e ao mesmo tempo plural de existir.
É evidente que existem níveis diferentes que exigem um nível de atenção e cuidado específicos com as pessoas no TEA. Inclusive, o nível 3 do autismo e o mais difícil de todos por dificultar severamente a qualidade de vida da pessoa. Porém, isso é só um referencial para orientar o cuidado, e personagens como Sheldon lançam uma luz sobre a condição, e adicionam a esperança de que todos possam viver e serem auxiliados sem a presença do estigma nefasto que permeia o espectro, obliterando qualquer resquício de preconceito que se personifique na vida humana.
O TEA não se resume a suas características
Como a MundoPsicólgos (2023) argumenta, “a dificuldade de empatia, de entender o que o outro sente e se colocar no lugar, também é uma característica de quem tem a síndrome de Asperger (Nível 1), o que em alguns momentos é interpretado como certa indiferença emocional. Entretanto, isso não significa que a pessoa deixe de ter afeição por pessoas próprias e consideradas importantes no seu cotidiano”.
Por isso, e por outros exemplos da série, Sheldon é relacionado ao Autismo, e isso inspira pessoas do mundo todo. E isso não somente por quanto o personagem conseguiu ir longe e vencer na vida profissionalmente, mas também pela sua evolução e esforço em não se resumir aos seus sintomas. Assim, ele encontra no amor e na amizade a o real significado de sua vida, ao amar todos os seus amigos ‘do seu jeito’.
Conclusão
Em conclusão, obviamente, tudo isso não legitima o comportamento de Sheldon, muitas vezes arrogante, prepotente, insensível e algumas vezes até desleal. Todavia, sua inteligência, perseverança, e evolução durante o seriado foram as características escolhidas para serem analisadas neste artigo em especial. Como um todo, seres humanos são muito complexos, difíceis e completamente diferentes em muitas coisas. E suas mentes, são como uma charada dentro de um enigma envolta em um grande mistério. Mas há algumas coisas que unem a condição humana. Entre elas a sua capacidade exclusiva de atribuir humor as coisas, e é disso que se trata essa sitcom. E por fim, pra finalizar, só resta uma coisa para este autor dizer: Bazinga!
¹ Pesquisadores descobriram que Hans Asperger, médico que batizou o quadro, trabalhou para as forças eugenistas nazistas.
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Referências
PSICO E TV: a síndrome de Asperger em Sheldon da série The Big Bang Theory. MundoPsicólogos, 28 de outubro de 2016. Disponível em: <https://br.mundopsicologos.com/artigos/psico-e-tv-a-sindrome-de-asperger-em-sheldon-da-serie-the-big-bang-theory>. Acesso em: 07 de janeiro de 2024.
LUISA, Ingrid. A Redescoberta do Autismo. Veja Saúde, São Paulo, nº 490, p. 24-35, abril, 2023.
Psicólogo | CRP 03/30093 | Formado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF | Escrevo sobre os mais diversos assuntos relacionados a saúde mental, a partir de duas abordagens: Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) e Logoterapia.